Resenha crítica
Aluna:
Silvia de Araujo
Curso:
Especialização em educação infantil e suas linguagens
Turma B
Data: 20/03/2012
Lopes, Amanda Cristina Teagno. Educação infantil e registro de práticas.
1. ed, são
Paulo, Cortês, 2009. 200 p.
O livro aqui exposto é fruto de uma dissertação de mestrado da
pedagoga Amanda Cristina Teagno Lopes Marques, apresentado à faculdade de
Educação da Universidade de São Paulo e também de sua experiência e reflexão
como professora de educação infantil. A obra aborda o registro de práticas na
educação infantil, especialmente na pré-escola. Coloca a experiência diária em sala de aula como lugar de
desenvolvimento profissional do educador e a reflexão de sua ação. Destaca a
importância dialogicidade, a observação e
escuta do professor,
oportunizando memória, trocas, autoria, identidade, construção de significados,
leitura da realidade e promoção de saberes. O livro está composto por quatro capítulos.
No primeiro capítulo a autora começa apontando o conceito sobre o
termo registro. Parte-se da idéia de que a ação de registrar a
própria prática favorece a reflexão, a construção de significados, a leitura da
realidade, a construção de memória e identidade, e confere visibilidade ao
projeto pedagógico da instituição e suas diferentes formas. Partindo de
formulações de considerados autores sobre o tema é organizado no trabalho um
amplo conceito sobre o termo registro, onde podemos distinguir em: Planos de
trabalho, que se configura como registro do planejamento da ação didática,
podendo ser anual, mensal,ou diária; Registro diário, a autora adota as idéias
de Freire(1996) e Zabalza (1994) e o conclui como escrita sobre o cotidiano do
trabalho pedagógico; Portfólio, percebido como seleção de registros com o escopo
de descrever uma experiência. (OLIVEIRA-FORMOSINHO E
AZEVEDO, 2002). Neste capítulo há ainda a reflexão sobre a relação professor
escrita, a importância de o professor exercitar a escrita, questão colocada no
texto como necessária ao se pensar na ampliação do ato de registrar nas
instituições. É abordado também à linguagem não verbal como forma de registro, recuperando
fragmentos da historia e elementos do desenho infantil, identificando a criança
como produtora de registros.
No segundo capitulo a autora parte do processo de escolarização e
da historia da educação infantil em São Paulo, podemos constatar que o registro
de praticas existiu em outras épocas na realidade das
escolas, ou por iniciativa individual por iniciativa
do coletivo da instituição ou da gestão. Prossegue refletindo sobre o oficio do
professor, a necessidade da valorização e socialização das experiências
produzidas em sala de aula, do registro como possibilidade da manutenção dessa
história, organização e reflexão dos saberes adquiridos para melhoria da
qualidade de ensino e formação de professores. Destaca a importância ter uma
coordenação institucional parceira, capaz de promover a interação, prestar auxilio
oportunizar momentos de estudo, leitura, espaço de elaboração, reconstrução e
produção de saberes na escola.
No terceiro capitulo é exposto a análise dos próprios registros de prática
da autora no período de 2000 a 2003. Portfólios. Além dos cadernos que
continham planos de trabalho para a turma (mensais, quinzenais ou semanais),
seguidos por registros diários com a narrativa do cotidiano. Nas quais descrição
e análise fazem-se presentes, análise esta que caminha em dois sentidos: primeiro
no passado, na compreensão dos fatos; em segundo lugar, na elaboração de
encaminhamentos futuros. A investigação possibilitou identificar o registro
como instrumento favorável à reflexão, à investigação da prática, à produção de
conhecimentos, à sistematização e divulgação de saberes, à construção de
memória e de história do grupo embora existissem desventuras e angustias.
No quarto capitulo é apresentada as considerações finais da
autora. A obra possibilita entender o
termo registro da prática pedagógica de maneira ampla, partindo dos conceitos teóricos,
em seguida o registro na trajetória escolar e por fim na realidade. Permite alguns
questionamentos sobre nosso trabalho enquanto educadores, e também a perceber anseios
e dificuldades comuns e algumas lacunas existentes em nosso sistema escolar.
Acredito na pertinência das
idéias aqui apresentadas, a autora nos leva a pensar na importância de se
utilizar as diferentes formas e estratégias de registros; escritos,
fotografias, vídeos, produções das crianças etc, como auxilio no processo
educativo. E com isso, contribuir para a prática de futuros educadores com o
compartilhamento de experiências. A autora permite que enxerguemos e debatamos
o registro como elemento metodológico imprescindível no trabalho de educação
infantil, juntamente com a observação, o planejamento e a avaliação, com o
intuito de auxiliar o professor na melhor forma de obter êxito em seu propósito
didático. Isso me traz a certeza de que o registro contribui para os processos
de desenvolvimento profissional e organizacional na escola pública, permitindo
a reflexão por meio da documentação das experiências que professores e alunos constituem
juntos, e assim como foi abordado, caminhar do registro como atitude individual,
ao registro enquanto projeto pedagógico da instituição.